quinta-feira, 27 de agosto de 2020

PET 2 - SEMANA 1, 2, 3 E 4 - 3º ANO EM - SOCIOLOGIA

PLANO DE ESTUDO TUTORADO 2 – SEMANA 1

UNIDADE(S) TEMÁTICA(S): Política, Participação e Direitos Humanos.

OBJETO DE CONHECIMENTO: Compreender a importância da participação política do cidadão na sociedade.

HABILIDADE (S): Entender que a política está presente em praticamente tudo que fazemos e conhecemos em sociedade.

SERÁ QUE POLÍTICA É REALMENTE IMPORTANTE EM NOSSAS VIDAS?

“A nossa indignação é uma mosca sem asas, não ultrapassa as janelas de nossas casas”. Skank

No plano de estudos anterior refletimos acerca de alguns conceitos básicos relacionados à política e sistema eleitoral Brasileiro. Essas são ferramentas fundamentais para a uma efetiva participação dos cidadãos nas tomadas de decisões que influenciam na dinâmica social do país. Estudar esses temas se mostra importante devido ao fato de que depois mesmo de tantas lutas para ter garantido o direito à participação política por lei, algumas pessoas ainda se perguntam: Qual seria a importância da minha participação nesse processo?", “A ação de apenas um indivíduo faz alguma diferença?”, ou “Será que a política influencia de fato na minha vida?”.

Uma boa resposta a essas perguntas foi dada pelo dramaturgo Alemão Bertolt Brecht que em um breve texto sintetiza a importância da política em nossas vidas, vamos conferir:

O Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Bertold Brecht

Nesse texto o autor deixa evidente que independente de gostar ou não de política ela é importante em nossas vidas. As ideias trazidas pelo autor dialogam com a célebre frase do filósofo grego Platão que mesmo escrita a mais de dois mil anos continua muito atual; “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. Não é difícil perceber em nossa vida prática como esses dois autores estão corretos. A importância da participação, não somente pelo voto, mas também atuando efetivamente em conselhos municipais, associações comunitárias, grêmios estudantis, sindicatos, coletivos e até mesmo nas redes sociais influenciam diretamente nas ações de nossos representantes nas prefeituras, governos estaduais e federal, assim como nas câmaras municipais, assembleias legislativas e no Congresso Nacional (câmara dos deputados e senado).

Estudos ligados à Ciência Política evidenciam que comunidades que possuem uma sociedade civil organizada, e que demandam por parte de seus governantes, são amplamente melhor atendidas em serviços públicos como pavimentação de ruas, coleta seletiva de lixo, saneamento básico, construção de áreas de lazer, atendimento médico e demais serviços que são responsabilidade do poder público e que são negligenciados em comunidades que não possuem essa mesma organização.

Na própria escola podemos evidenciar a importância da efetiva participação de pais, estudantes, professores e demais membros da comunidade escolar na tomada de decisões e na demanda por ensino de qualidade. As pesquisas no campo da educação evidenciam que escolas que dispõem de maior apoio e participação da comunidade em suas ações e resolução de problemas, conseguem oferecer um ensino de melhor qualidade a seus estudantes, já em escolas onde não há participação da população e as decisões recaem apenas sobre poucas pessoas, há maiores dificuldades para se oferecer ensino de qualidade para seus estudantes.

A omissão nas tomadas de decisões e demonização da política, representadas em saídas fáceis com afirmativa como:“Eu odeio política”, como foi evidenciada no texto de Bertolt Brecht, por vezes pode até parecer uma postura de protesto contra episódios constantes de corrupção que assistimos a todos os dias em nossos telejornais. Contudo, tais posturas que buscam entender política como sinônimo de corrupção, têm como efeito apenas distanciar as pessoas que realmente importam com o coletivo da vida pública e abrir espaços para quem pretende usar as instituições públicas para obter benefícios privados, ou seja, a ausência da participação política da população favorece a corrupção da política. Para terminar essa nossa conversa sobre a importância da política em nossas vidas, vamos lhe presentear com o belo, poético e esclarecedor texto de Rubem Alves que fala da diferença entre o político por vocação e o político por profissão. Boa Leitura!

SOBRE POLÍTICA E JARDINAGEM — Rubem Alves

De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim vocare, quer dizer chamado. Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um ‘fazer’. No lugar desse ‘fazer’ o vocacionado quer ‘fazer amor’ com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada. Política’ vem de polis, cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade.

Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades: sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oasis. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu ‘o que é política?’, ele nos responderia, ‘a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas’. O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.

Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade. A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu que os políticos não precisam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Seria indigno que o jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos. Conheci e conheço muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua a ser um motivo de esperança.

Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante. Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô. Todas as vocações podem ser transformadas em profissões. O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento. Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda tese: de todas as profissões, a profissão política é a mais vil. O que explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: ‘Eu jamais poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade… Ao contrário dos ‘legítimos’ políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem.’ Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las.

Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de serem confundidos com gigolôs e de terem de conviver com gigolôs. Escrevo para vocês, jovens, para seduzi-los à vocação política. Talvez haja jardineiros adormecidos dentro de vocês. A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas esperadas, normais, medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas, legítimas, se forem vocação. Mas todas elas afunilantes: vão colocá-los num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar onde o destino do jardim é decidido. Não seria muito mais fascinante participar dos destinos do jardim?

Acabamos de celebrar os 500 anos do descobrimento do Brasil. Os descobridores, ao chegar, não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são cruéis e insensíveis, indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem. Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros. Eram lenhadores e madeireiros. E foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim para a felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde uns poucos encontram vida e prazer. Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam.

Fonte: Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 19 maio 2000.

 ATIVIDADES CORRIGIDAS:

Após analisar os conteúdos presentes em nosso plano de estudos e ler o texto “Sobre Política e Jardinagem” de Rubem Alves responda as questões abaixo:

1 — O que o autor quis dizer no seguinte trecho: “Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade”.

a) Cabe ao político por vocação transformar projetos urbanísticos em jardins de fato. Possibilidade esta, não disponível aos poetas que só o imaginam.

b) Cabe ao político por vocação fazer tudo que tem vontade, realizando todos os seus sonhos e desejos.

c) O político por vocação tem em suas mãos a possibilidade de idealizar e colocar em prática projetos que melhore a vida de todos.

d) Os poetas e os políticos por vocação estão muito próximos, à medida que sonham os mesmos sonhos.

e) Assim como os poetas, os políticos por vocação só sonham, mas não realizam suas obras.

Resposta: c

2 — Segundo o texto qual a diferença entre o político por vocação e político por profissão?

a) O primeiro utiliza da sua função apenas para obter benefícios próprios e o segundo ama e enxerga em sua função a possibilidade de constituir um mundo melhor.

b) O primeiro tem a possibilidade de mudar a realidade social e o segundo não.

c) O primeiro vê em sua função a possibilidade de ser útil e ajudar a sociedade como um todo e por isso o faz amar a sua função, já o segundo se envolve nesta profissão apenas por ver nela a possibilidade de se dar bem.

d) O primeiro se comporta como um gigolô ao passo que só se envolve com a política para ganhar dinheiro já o segundo de fato ama a vocação política.

e) Não há diferença ambos são corruptos como todo político, sem nenhuma exceção.

Resposta: c

3 — Segundo o texto, a real função do político por vocação é?

a) Cuidar do espaço público.

b) Cuidar de questões burocráticas.

c) Buscar objetivos que são só do seu interesse.

d) Roubar e corromper o sistema.

e) Quem tem alguma afinidade com funções técnicas como jardinagem.

Resposta: a

4 — Leia atentamente o fragmento do texto: “O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se a sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.” São interpretações corretas deste trecho do texto, exceto:

a) É função do político por vocação lutar contra a desigualdade social.

b) O político por vocação busca conquistas sociais que atenda a população como um todo.

c) O político por vocação como os demais políticos busca conquistas apenas para os pequenos grupos sociais que eles representam.

d) O político por vocação é uma pessoa que tem consciência de que um mundo não violento, sem miséria e doenças só pode ser atingido com uma política que busque atender a todos, sem fazer distinção de classe, raça ou crença.

e) O político por vocação tem como um de seus principais propósitos a busca pela justiça.

Resposta: c

5 — Ainda segundo o autor do texto, por que muitos políticos por vocação deixam de atuar efetivamente na política.

a) Por ver na política, como ela é feita hoje, a possibilidade de atingir seus ideais.

b) Por não conhecerem os devidos trâmites para ingressar em uma carreira política.

c) Por não ter as devidas qualificações profissionais.

d) Por não querer ser confundido com pessoas que assumem cargos políticos apenas para obter benefícios materiais e favores pessoais.

e) Por que esses cargos não vão lhe proporcionar riquezas e qualidade de vida.

Resposta: d

6 — Marque a questão que aponte a correspondência correta entre os órgãos dos três poderes da república e a sua função:

a) Poder moderador — É exercido pelos juízes e possui a capacidade e a prerrogativa de julgar, de acordo com as regras constitucionais e leis criadas pelo poder legislativo em determinado país.

b) Poder judiciário — É exercido pelo presidente, governadores e prefeitos. Possui a atribuição de governar o povo e administrar os interesses públicos, cumprindo fielmente as ordenações legais.

c) Poder legislativo — Compete a este o poder da elaboração de leis que estruturam o ordenamento jurídico do Estado e, ainda, modificá-las ou revogá-las.

d) Poder Executivo — É exercido pelos juízes e possui a capacidade e a prerrogativa de julgar, de acordo com as regras constitucionais e leis criadas pelo poder legislativo em determinado país.

e) Poder Parlamentar — Exercido pelo monarca que não necessita de leis para governar, pois o próprio é a lei.

Resposta: c

7 — Quais são problemas enfrentados por um país que implementa um modelo de democracia indireta (representativa)?

a) Corrupção, já que o fato de todos poderem participar da política diretamente dificulta o controle dos gastos públicos.

b) Representatividade, pois os candidatos eleitos para nos representar, podem ter atuação não condizente com a que prometeram antes de ser eleito.

c) Corrupção, pois já que todos participam efetivamente do processo seria muito difícil juntar todas as pessoas em um local e computar seu voto.

d) Representatividade, já que todos participariam do processo diretamente no consenso para se tomar uma decisão seria bem mais difícil.

e) N.D.A.

Resposta: b

 

PLANO DE ESTUDO TUTORADO 2 – SEMANA 2

UNIDADE(S) TEMÁTICA(S): Cidadania, Política, Participação e Direitos Humanos.

OBJETO DE CONHECIMENTO: Compreender o conceito de cidadania e a construção histórica dos direitos civis, políticos, sociais e culturais.

HABILIDADE(S): Compreensão do conceito de cidadania e a construção histórica dos direitos civis, políticos, sociais e culturais como um processo em constante expansão.

CIDADANIA, POLÍTICA E PARTICIPAÇÃO

Como verificamos na aula da semana anterior, para alcançarmos uma sociedade mais justa e que os recursos públicos obtidos pela cobrança de impostos e a formulação de leis, de fato sejam destinadas para o benefício de toda a população, e não de grupos particulares, faz-se necessário o envolvimento e a participação de todos. Como já nos alertava Thomas Jefferson, presidente norte-americano e um dos principais autores da declaração de independência (1776) dos Estados Unidos, “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Portanto o reconhecimento da democracia, não só como um modelo de governo, mas também como um valor a ser defendido, consiste em um exercício diário a ser feito por todos os membros da sociedade e não apenas por um grupo de representantes eleito.

Para a consolidação da democracia faz-se necessária a adoção, por parte de todos, de uma postura cidadã fundamentada na defesa de direitos e cumprimento de deveres. Como discutimos na semana anterior, ao contrário do que possa fazer parecer o senso comum, política não é coisa só de político, mas sim de todos os membros da sociedade. No movimento de exigir direitos e cumprir deveres estamos fazendo política e consolidando a democracia em nosso país. Nesse processo, cabe ressaltar que direitos e deveres devem ser entendidos como uma via de mão dupla, ou seja, são complementares.

Um dos maiores problemas enfrentados por democracias jovens como a brasileira, que possui apenas 30 anos, é convencer o povo do tamanho de seu poder, frente aos governos. O bom funcionamento das instituições públicas passa pela compreensão de que as pessoas envolvidas nos vários setores da vida pública, entre eles os políticos eleitos, são servidores da população e não mandatários. Isso vale tanto na hora de conversar com nossos representantes eleitos (vereadores, deputados, senadores, governadores ou presidente) como no trato diário com pessoas que exercem cargos públicos como professores, médicos, policiais, atendentes de repartições públicas, entre outros. Todos esses atores têm funções específicas estabelecidas por lei, que devem ser cumpridas para o benefício da população como um todo, sendo que, caso não exerçam suas funções dessa forma, estão cometendo infrações legais, como por exemplo, o crime de prevaricação, que pode ser definido como crime cometido por funcionário público quando, indevidamente, este retarda ou deixa de praticar o seu trabalho, ou praticá-lo contra disposição legal expressa, visando satisfazer interesse pessoal.

Superar a ideia de que o serviço público não é um favor que os governos fazem para a população, mais sim um direito garantido por lei e que se não cumprido, os responsáveis por sua execução devem ser responsabilizados, consiste em um importante passo para superar o clientelismo, ou seja, a troca de favores entre quem detém o poder e quem vota, mas que ainda hoje alguns atores públicos buscam impor frente a população, mostrando-se como um dos principais focos de corrupção da democracia brasileira. Portanto, é necessário que toda a população entenda que serviços públicos de qualidade não são favores, mas sim direito dos cidadãos e dever dos servidores.

Falamos até aqui dos direitos que os cidadãos devem exigir frente aos nossos governantes, mas como já apontado nesse texto, a cidadania é uma via de mão dupla e para exigir direitos devemos cumprir nossos deveres como cidadão. Outro desafio para a efetivação da democracia em nosso país é superar posturas de parte dos indivíduos que adotam uma espécie de cidadania incompleta, onde as pessoas buscam garantir os seus direitos, mas ignoram seus deveres. O ato por parte dos cidadãos de negligenciar seus deveres vão desde ações simples, como jogar lixo nas ruas, desrespeitar filas e regras de trânsito, até posturas como falta de comprometimento com a escolha dos representantes para os cargos públicos e sonegação de impostos. Esses posicionamentos não reflexivos dialogam com um discurso que nega a responsabilidade dos indivíduos frente a sociedade. O filósofo francês Jean Paul Sartre sintetiza essa postura na frase “o inferno são os outros”, ou seja, ao acreditar que o problema sempre está na ação do outro, em uma postura quase infantil de se achar perfeito, esses indivíduos negam suas falhas como cidadãos. Assim ao não assumir suas responsabilidades frente ao coletivo, isentam-se de cumprir com os seus deveres e nunca se entendem como parte dos problemas enfrentados pela sociedade, consequentemente como protagonistas de suas soluções.

A postura de negação e repúdio frente à participação política ligada a adesão a discursos simples como “eu odeio política” e “apenas a minha participação não faz diferença”, também podem ser entendidas como exemplo dessa fuga dos indivíduos frente a suas responsabilidades como cidadão. A adoção desse posicionamento, a princípio, pode até ser apresentada como uma postura crítica frente a uma realidade de corrupção existente dentro da política partidária, aquela feita por políticos profissionais, mas na prática não interfere em nada na superação da corrupção em nosso país. Levar a sério a escolha de nossos representantes, estudando suas propostas e sua vida pregressa antes de votar, e após elegê-los exigir que ao longo dos seus mandatos cumpram o prometido nas eleições ao preço desse não merecer seu voto novamente, mostra-se uma postura efetivamente produtiva. O maior envolvimento de todos na fiscalização dos mandatos de nossos representantes eleitos dificulta que pessoas despreparadas e corruptas cheguem e permaneçam no poder.

Essa tarefa de acompanhar nossos representantes no passado se mostrava bem mais difícil, pois em parte dependia de tempo e acesso a informação, mas com o desenvolvimento das tecnologias essa função se tornou bem mais fácil. Atualmente, acessando sites das câmaras municipais, assembleias, conselhos municipais, secretarias de estado, entre outros órgãos públicos é relativamente fácil acompanhar as ações de nossos representantes. As próprias redes sociais têm se mostrado um excelente espaço de interlocução direta entre os representantes eleitos e o cidadão.

Como podemos verificar nas discussões propostas até aqui, adotar uma postura cidadã frente a sociedade requer tempo e conhecimento, mas é o preço a ser pago para que tenhamos nossos direitos garantidos e uma sociedade mais justa. A seguir apresentaremos algumas informações imprescindíveis para entender melhor os conceitos de cidadania, participação e democracia. O primeiro passo para modificarmos as posturas que tanto criticamos em nossa sociedade é conhecer melhor como funciona a política. Então, vamos lá cidadão!

A CONQUISTA DA CIDADANIA: UM PROCESSO EM EXPANSÃO

Você se considera um cidadão? Para responder corretamente esta pergunta é necessário dizer o que é cidadania. Podemos entender cidadania como a participação dos cidadãos na vida social e política e também como o direito a ter direito, sem esquecer que isso só é possível com a contrapartida dos deveres. Mas você pode se perguntar ainda, o que é um cidadão? Cidadão é, principalmente, um indivíduo portador de direitos. Mas será que a cidadania foi sempre a mesma e sempre da mesma forma? Não. A cidadania é um conceito construído social e historicamente por isso seu significado é diferente nas diferentes épocas e contextos sociais. Dessa forma, se hoje, no século XXI, com dezesseis ou dezessete anos, você se considera um cidadão brasileiro, certamente isso não aconteceria se você estivesse vivendo na Grécia Antiga. Diferente de hoje, que todos nós temos o direito a ter direitos, na Grécia Antiga nem todos eram considerados cidadãos. Naquela época, somente os homens que haviam cumprido o serviço militar eram cidadãos. Os escravos, as mulheres, os estrangeiros e seus filhos bem como aqueles que trabalhavam para se sustentar como agricultores, mecânicos, artesãos também não eram considerados cidadãos e por isso não tinham direitos ou podiam participar da vida social e política da sua cidade.

Felizmente, depois de várias transformações sociais e da luta de alguns grupos da sociedade, hoje a maior parte da população, pelo menos formalmente, tem direitos da cidadania, incluindo mulheres e homens de todas as profissões, crianças, adolescentes e estrangeiros naturalizados e seus filhos. Percebemos que houve uma expansão da cidadania que aconteceu principalmente nos últimos dois séculos com a escravidão abolida no século XIX e, na maioria dos países, as mulheres conseguem o direito ao voto no século XX. Antes destes acontecimentos, os escravos não eram considerados cidadãos, pois não tinham direitos, podiam inclusive ser comprados e vendidos como coisas. As mulheres eram impedidas de participar politicamente, pois não tinham direito ao voto. No Brasil, as mulheres só conseguem o direito ao voto em 1932.

Sabemos que em nossa sociedade muitas pessoas têm seus direitos formalmente garantidos, ou seja, tem seus direitos garantidos em lei, mas infelizmente, não exercem todos os seus direitos por motivos de exclusão social ou territorial, segregações, preconceito racial ou de classe, deficiência física ou mental ou pobreza extrema. Por isso, podemos afirmar que hoje temos os direitos garantidos na constituição mas ainda é necessário lutar para que a maioria da população possa exercê-los plenamente, por isso, a cidadania, ainda hoje, está em constante processo de expansão.

Fonte: http://www.justicaeleitoral.jus.br/imagens/imagens/tre-ms-cidadao-por-inteiro-carimbo/image_preview

 POLÍTICA: ORIGEM E SIGNIFICADOS

A palavra política tem origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em Cidades- Estado chamadas “pólis”, nome do qual se derivaram palavras como “politiké” (política em geral) e “politikós” (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), que estenderam-se ao latim “politicus”. Na época moderna, o termo política perdeu seu significado original, substituído pouco a pouco por outras expressões como ciência do Estado, doutrina do Estado, ciência política, filosofia política, passando a ser comumente usado para indicar a atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, ou seja, o Estado.

CIÊNCIA POLÍTICA: ESTUDO DO PODER E DO ESTADO

A Ciência Política é o estudo da política – dos sistemas políticos, das organizações políticas e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo — ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis.

Política é ciência, porque estuda o comportamento humano e assim se torna possível estabelecer cientificamente algumas regras sobre a vida humana em sociedade e sobre como os seres humanos deveriam reagir em cada situação. Em uma concepção ampla, política é o estudo do poder, por que a tomada de decisões de interesses da coletividade (comum) é sempre um ato de poder.

OS TIPOS DE PODER

O elemento específico do poder político pode ser obtido das várias formas de poder, buscadas nos meios de que se serve o sujeito ativo da relação para determinar o comportamento do sujeito passivo.

Poder Econômico — é o que se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados como tais, numa situação de necessidade, para controlar aqueles que não os possuem.

Poder Ideológico — este se refere na influência que as ideias da pessoa investida de autoridade exercem sobre a conduta dos demais: deste tipo de conhecimento nasce a importância social daqueles que sabem, quer os sacerdotes das sociedades arcaicas, quer os intelectuais ou cientistas das sociedades evoluídas.

Poder Político — este se baseia na posse dos instrumentos (institucionais) com os quais se exerce a autoridade legal do uso da força. A possibilidade de recorrer à força distingue o poder político das outras formas de poder.

REGIMES POLÍTICOS

Conceito ligado ao de Constituição, trata-se de uma forma que o poder político assume em cada Estado. É a forma como o Estado se relaciona com a sociedade civil e podem ser mais abertos ou fechados para a participação social. Modernamente se apresentam como o regime democrático (Estado democrático de Direito) ou regime ditatorial (regime de exceção).


O CONCEITO DE DEMOCRACIA

O termo democracia deriva da junção dos vocábulos gregos demos (povo) e kratos (poder), e seu entendimento como “poder do povo” surge na Grécia antiga, aproximadamente no século V a.C. Atualmente entendemos democracia como um tipo de poder que seja o “governo de todos os cidadãos”, assim é regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos.

O conceito de democracia assumiu diferentes significados ao longo da história e de acordo com o contexto. Em algumas sociedades, a ideia de democracia diz respeito apenas à esfera política, votar e ser votado, por exemplo. Em outras, aplica-se também a áreas da vida econômica, social e cultural.

A democracia não foi o sistema político predominante na história, desde a sua formulação na Grécia até o século XIX, poucos governos a adotaram e, quando o fizeram, foi sempre em resposta à luta dos diferentes grupos excluídos do processo de tomada de decisão política. Foi, portanto, sempre uma conquista dos segmentos sociais segregados.

Para ser democrático o Estado tem que ser/ter:

a) Participação política do povo;

b) Divisão funcional do poder público;

c) Vigência do Estado de Direito (Estado e sociedade submetidos sob a lei).

DITADURA

A expressão ditadura serve para designar os regimes de governo não-democráticos ou antidemocráticos, isto é, aqueles onde não há participação popular, ou onde isso ocorre de maneira muito restrita. Concentra o poder nas mãos do ditador, assim, não é autorizada por regras constitucionais: ela se impõe de fato, pela força, subvertendo a ordem política que existia anteriormente.

Podem existir regimes ditatoriais de líder único (como os regimes provenientes do nazismo e fascismo) ou coletivos (como os vários regimes militares que ocorreram na América Latina durante o século XX). Diz-se que um governo é totalitário quando exerce influência sobre amplos aspectos da vida dos governados. São características das ditaduras o militarismo, imperialismo, culto ao líder, criação de inimigos ideológicos, anti-democracia.

ATIVIDADES CORRIGIDAS:

1 — Quando falamos em cidadania, falamos em direitos e deveres. Leia o seguinte texto abaixo e, após a leitura, com suas próprias palavras explique o que é Cidadania.

“Ser cidadão é estar dentro de algum processo, usufruir de um conjunto de benefícios, participar dos ganhos que uma sociedade produziu, sejam eles políticos, sociais ou econômicos. A palavra, ‘cidadania’ vem do latim civitas que quer dizer ‘cidade’, e da qual também resultaram os termos ‘civilização’, ‘civilidade’. A cidade foi o ambiente que mais favoreceu o crescimento da ideia de cidadania. Mais do que o campo, ela veio exigir dos indivíduos uma convivência próxima e contínua; nela tornou-se necessário saber respeitar os direitos dos outros e cumprir os seus deveres, senão a vida se tornaria insuportável (...)”.

BOMENY, Helena. MEDEIROS, Bianca Freire (coord.). Tempos Modernos, tempos de Sociologia. São Paulo: Editora do Brasil, 2010. Página 210.

Cidadania é o conjunto de direitos e deveres exercidos pelo cidadão em sociedade. Essa expressão vem do latim civitas, que quer dizer cidade. Antigamente, cidadão era aquele que fazia parte da cidade, tendo direitos e deveres por nela habitar. Atualmente, esse conceito extrapola os limites urbanos, podendo ser compreendido no espaço rural. A expressão da cidadania frequentemente está associada ao campo do Direito, em que existe uma série de legislações voltadas para os direitos e deveres que o cidadão possui. Entre os deveres, destaca-se o voto eleitoral (que também é um direito), o zelo pelo espaço e o cumprimento das leis. Entre os direitos, destaca-se o de ir e vir, bem como o de ter acesso à saúde, moradia, alimentação e educação.

2 — O último parágrafo do texto “A conquista da cidadania: um processo em expansão” diz o seguinte: “Sabemos que em nossa sociedade muitas pessoas têm seus direitos formalmente garantidos, ou seja, tem seus direitos garantidos em lei, mas, infelizmente, não exercem todos os seus direitos por motivos de exclusão social ou territorial, segregações, preconceito racial ou de classe, deficiência física ou mental ou pobreza extrema”.

A partir deste parágrafo, reflita e explique porque a exclusão social, o preconceito, a pobreza ou o fato de ter alguma deficiência física impede que algumas pessoas exerçam sua cidadania? Fonte: Caderno de Atividades Pedagógicas de Aprendizagem Autorregulada. SEDUC/RJ — adaptado.

A exclusão social, o preconceito, a pobreza ou o fato de ter alguma deficiência física impede que algumas pessoas exerçam sua cidadania, porque as limitam seja econômica ou fisicamente, ou seja, todos esses fatores citados acima já são obstáculos ou condições de uma vivência precária da cidadania. As pessoas pobres, excluídas socialmente, já sofrem na pele a incapacidade de lutar ou praticar seus direitos e deveres, pois não tem as condições mínimas garantidas pelo Estado para buscar viver com dignidade em sociedade, bem como os cidadãos com alguma deficiência física, ficam limitados de alguma forma, pois nem sempre a sociedade está preparada para acolhê-los, deixando desse modo, privados de exercer sua cidadania, basta analisarmos o exemplo dos surdos-mudos, cegos, entre outros cidadãos portadores de necessidades especiais. 

3 — Quais as formas de expandir nossa cidadania atualmente?

As melhores formas de expandir a cidadania é garantir o acesso a educação, à informação, à saúde, à participação política, etc.

 

PLANO DE ESTUDO TUTORADO 2 – SEMANA 3

UNIDADE(S) TEMÁTICA (S): Cidadania, Política, Participação e Direitos Humanos.

OBJETO DE CONHECIMENTO: Analisar os conceitos de Cultura de massa, Indústria cultural; Diferenciar cultura popular de cultura erudita; Analisar os impactos das mídias na vida social.

HABILIDADE (S): Compreender os conceitos de cultura de massa e indústria cultural e verificar os impactos da mídia na vida social.

POR QUE A MÍDIA É CONSIDERADA O QUARTO PODER: CORONELISMO, ANTENA E VOTO: A APROPRIAÇÃO POLÍTICA DAS EMISSORAS DE RÁDIO E TV

“Mais sofisticado, sutil e ainda mais perverso”, na opinião do cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca é o “moderno” fenômeno do coronelismo eletrônico, ou seja, o uso de canais de comunicação de radiodifusão para atender a interesses políticos – prática que perdura nos tempos digitais. Suas origens estão no autoritarismo coronelista de décadas passadas e a prática política traz inúmeras semelhanças com seus modelos de concentração de propriedade. Só que, em vez do poder sobre as terras, o controle agora também alcança as ondas do rádio e da TV.

No início da década de 1980, um repórter da Rádio Rural, de Concórdia (SC), abria espaço para o depoimento do ex-senador Atílio Fontana: “Senador, o microfone é todo seu”. O senador, ciente de suas propriedades, disse a quem quisesse ouvir: “Não só o microfone, meu rapaz, mas a rádio toda”. Este episódio foi narrado em matéria do Jornal do Brasil que, naquela época, já denunciava o uso eleitoreiro de 104 estações de rádio e televisão, espalhadas por 16 estados, de propriedade de deputados, governadores, senadores ou ministros.

O impacto desta prática nos processos eleitorais e na configuração das representações das instituições também é significativo. O rádio e, principalmente, a televisão continuam sendo os meios de comunicação de massa de maior alcance na população. A última PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios) mostrou que 97,2% das residências possuem pelo menos um aparelho de televisão e 75,7%, um de rádio. A esses meios de comunicação cabe o papel de dar expressão às demandas e à diversidade da sociedade em todos os seus aspectos, mas também de fiscalizar os poderes públicos e a iniciativa privada. É também por meio de uma mídia livre que se estabelece a ligação e o controle entre representantes e representados, como princípio fundamental para o ambiente democrático. Por isso, a Constituição Federal garante o direito de acesso à informação aos cidadãos e, em conjunto, a liberdade de imprensa.

Num quadro em que um meio de comunicação de massa, que deveria cumprir uma função pública, é controlado por um político, que pode influenciar sua linha editorial, a autonomia e independência deste veículo para exercer o controle sobre o poder público estão totalmente comprometidas. Ao mesmo tempo, o proprietário do veículo passa a ter o poder de filtrar e restringir informações e conteúdos a serem divulgados, na medida de seus interesses e de seus correligionários, numa prática de autopromoção. Fica caracterizado, assim, um claro desequilíbrio nos princípios de igualdade dos processos eleitorais, numa situação que pode configurar até mesmo a violação de eleições livres, com candidatos e partidos em condições totalmente desiguais de disputa.

Compreendendo o risco para a democracia brasileira do controle de serviços públicos, como a radiodifusão, por políticos, a Constituição Federal, em seu artigo 54, proíbe que deputados e senadores sejam proprietários ou diretores de empresas concessionárias de serviço público ou exerçam cargo ou emprego remunerado nesses espaços privados. A medida vem sendo respeitada para diversos serviços, mas segue ignorada no caso do rádio e da televisão (como veremos nas demais reportagens desta série).

* Carlos Gustavo Yoda é jornalista e integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social. Fonte: http://foracoroneisdamidia.com.br/?p=133

CULTURA DE MASSA E INDÚSTRIA CULTURAL, NOVAS TECNOLOGIAS E IDENTIDADE

A expressão ‘cultura de massa’, posteriormente trocada por ‘indústria cultural’, é aquela criada com um objetivo específico, atingir a massa popular, maioria no interior de uma população, transpondo, assim, toda e qualquer diferença de natureza social, étnica, etária, sexual, etc. Todo esse conteúdo é difundido por meio dos veículos de comunicação de massa.

Os filósofos alemães da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno e Max Horkheimer, foram os responsáveis pela criação do termo ‘Indústria Cultural’. Estes pensadores presumiram a forma negativa como a recém-criada mídia seria utilizada durante a Segunda Guerra Mundial. Ambos eram de etnia judia, portanto sofreram perseguição dos nazistas e, para fugir deste contexto, partiram para os EUA.

Antes do surgimento da cultura de massa, havia diversas configurações culturais — a popular, em contraposição à erudita; a nacional, que “atava”, “imaginava”, “tecia” e "traçava” a identidade de uma população; a cultura no sentido geral, definida como um agrupamento histórico de valores estéticos e morais; e outras tantas culturas que produziam diversificadas identidades populares.

Mas, a partir da segunda revolução industrial, no século XIX e do predomínio das regras do mercado capitalista, as artes, a cultura e a mídia foram submetidas à ideologia da indústria cultural. Com o nascimento do século XX e, com ele, dos novos meios de comunicação, estas modalidades culturais ficaram completamente submergidas sob o domínio da cultura de massa. Veículos como o cinema, o rádio e a televisão, ganharam notório destaque e se dedicaram, em grande parte, a homogeneizar os padrões da cultura. Não se pode falar em indústria cultural e sua consequência, a cultura de massa, em um período anterior ao da revolução Industrial, do surgimento de uma economia de mercado, uma economia baseada no consumo de bens; e da existência de uma sociedade de consumo, segunda parte do século XIX e início do século XX. Assim, a indústria cultural, os meios de comunicação de massa e a cultura de massa surgem com funções do fenômeno da industrialização. E estas, através das alterações que ocorrem no modo de produção e na forma de trabalho humano, que determina um tipo particular de indústria (a cultural) e de cultura (a de massa).

Como esta cultura é, na verdade, produto de uma atividade econômica estruturada em larga escala, de alcance internacional, hoje global, ela está vinculada, inevitavelmente, ao poderoso capitalismo industrial e financeiro. A serviço deste sistema, ela oprime incessantemente as demais culturas, valorizando tão somente os gostos culturais da massa. Os produtos de criação da cultura dos homens foram subordinados ao consumo, assim como os produtos fabricados em série nas grandes fábricas. A chegada da cultura de massa acaba submetendo as demais expressões “culturais” a um projeto comum e homogêneo.

De acordo com Oliveira e Costa (2005), o filósofo alemão Walter Benjamin afirmava que as artes e a cultura perderam sua autenticidade, seu caráter único, irrepetível, ou a beleza duradoura, que ele chamou de aura, de expressivas passaram a reprodutivas e repetitivas. De criação do belo, tornaram-se eventos de consumo, e, por conseguinte de experimento de novidade, tornaram-se consagração da moda. Ainda segundo estes autores, a indústria cultural massifica a cultura e as artes para o consumo rápido no mercado da moda e na mídia. Massificar é banalizar as artes e a produção de ideias.

“A indústria cultural vende cultura. Para vendê-la, deve seduzir e agradar o consumidor.

Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar. Fazê-lo ter informações novas que perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez.”

E deste modo, temos os realities shows, os programas que exploram a vida difícil de moradores da periferia dando-lhes a esperança de saltar da favela à zona nobre da cidade rapidamente, transformando jovens em “princesas”, os comerciais que tentam nos vender produtos inúteis e sem qualidade mas com ótima produção do marketing para nos convencer de que comprá-lo mudará nossas vidas, as revistas de fofocas etc.

Para Oliveira e Costa (2005) a expressão máxima da indústria cultural são os meios de comunicação, de massa, ou mídia escrita ou eletrônica, e destacam o poder da mídia enquanto manipulação, formação de opinião, infantilização e condicionamento das mentes e produção cultural do grotesco para despolitização. Segundo estes autores, essas características da mídia se expressam de forma mais acentuada através da TV, rádio, jornais e revistas, que estão ao alcance de uma parcela maior da população.

A dominação estabelece-se através da detenção do meio de comunicação e do aperfeiçoamento da sua tecnologia. Para além da orientação conceitual daquilo que se designa por massa, outras considerações conceituais podem ser feitas: ou massa num sentido de opacidade; ou massa num sentido de solidez ou coesão. Num sentido crítico ou utilitário do poder com os apelos desta indústria, personificados principalmente na esfera publicitária, principalmente aquela que se devota sem pudor ao sensacionalismo, é quase impossível resistir aos sabores visuais da avalanche de imagens e símbolos que inundam a mente humana o tempo todo. Este é o motor que move as engrenagens da indústria cultural e aliena as mentalidades despreparadas.

ATIVIDADES CORRIGIDAS:

1 — Explique o que é cultura de massas.

Cultura de Massa é o termo empregado para significar o processo de produção de bens de consumo (de vários tipos) que alcancem uma grande parcela da população, com fins fundamentalmente lucrativos e comerciais. Cultura de Massa, portanto, se refere ao processo de mercantilização da cultura por parte dos esforços de toda uma Indústria Cultural.

2 — Explique o conceito de Indústria cultural.

O termo Indústria Cultural foi desenvolvido por Max Horkheimer e Theodor Adorno. O termo foi usado para designar o modo de produzir cultura que foi adotado principalmente na virada do século XIX para o XX. Indústria Cultural foi o termo escolhido pelos autores para fazer referência aos grandes centros de produção de comunicação em massa, responsáveis pela criação, divulgação e propagação de informações, serviços e produtos. O termo faz menção ao fato de que, como em qualquer indústria, a produção de bens culturais estaria a favor do consumo em massa, do lucro e, portanto, do capitalismo.

3 — Como surge a Indústria Cultural?

A indústria cultural, os meios de comunicação de massa e a cultura de massa surgem com funções do fenômeno da industrialização. E estas, através das alterações que ocorrem no modo de produção e na forma de trabalho humano, que determina um tipo particular de indústria (a cultural) e de cultura (a de massa). Como esta cultura é, na verdade, produto de uma atividade econômica estruturada em larga escala, de alcance internacional, hoje global, ela está vinculada, inevitavelmente, ao poderoso capitalismo industrial e financeiro.

4 — Como a Indústria Cultural influencia sua vida e seus hábitos de consumo?

A indústria cultural influencia a grande população através da detenção dos meios de comunicação e do aperfeiçoamento da sua tecnologia. A Indústria Cultural criou seu produto mais significativo, a chamada cultura de massa, que nada mais é do que o conjunto de todas as formas artísticas e expressões culturais produzidas com o intuito de gerar lucro e estimular o consumo de produtos. Seguindo a lógica do modelo capitalista a cultura de massa tem a intenção de padronizar e homogeneizar o gosto para que as produções possam ser consumidas pelo maior número de pessoas, todos os produtos da cultura de massa são, portanto, padronizados, para consumo imediato e devem sempre gerar lucros. A disseminação dos produtos da Indústria Cultural é feita a partir dos meios de comunicação de massa, o cinema, o rádio, a televisão, jornais e revistas.

5 — Diferencie cultura popular e cultura erudita.

A cultura popular está associada ao povo, às classes excluídas socialmente, às classes dominadas. Ao contrário da cultura erudita, a cultura popular não está ligada ao conhecimento científico, pelo contrário, ela diz respeito ao conhecimento vulgar ou espontâneo, ao senso comum. Geralmente a cultura popular é identificada com folclore, conjunto das lendas, contos e concepções transmitidas oralmente pela tradição. É produzida pelo homem do campo, das cidades do interior ou pela população suburbana das grandes cidades. A cultura popular é conservadora e inovadora ao mesmo tempo no sentido em que é ligada à tradição (costumes, crenças, rituais) mas incorpora novos elementos culturais.

A cultura erudita está associada às elites, os seus produtores fazem parte de uma elite social, econômica, política e cultural e seu conhecimento é proveniente do pensamento científico, dos livros, das pesquisas universitárias ou do estudo em geral (erudito significa que tem instrução vasta e variada adquirida, sobretudo pela leitura).

6 — Dê exemplos de representantes da cultura popular e da cultura erudita.

Cultura popular: Carnaval, Festa junina, Artesanato, Danças como Frevo, o Forró, Mistura de arte e luta, a capoeira, o Folclore, etc.

Cultura erudita: Concertos (música clássica de padrão europeu), as artes plásticas (escultura e pintura); o teatro e a literatura de cunho universal.

Proposta de Redação (fazer em uma folha de caderno ou papel ofício)

Após estudar os conteúdos acima, escreva um texto argumentativo e dissertativo que tenha como tema: “Consumo Consciente × Consumismo — como promover a responsabilidade social frente ao meio ambiente nessa e nas futuras gerações?”.

Lembre-se que no caso do ENEM a redação é composta por uma frase-tema, geralmente de um problema atual da sociedade brasileira e cobra dos participantes uma proposta de intervenção. O texto deve ser escrito em até 30 linhas e na forma de dissertação argumentativa. Busque escrever um texto objetivo e que relacione os argumentos e dados obtidos com a leitura dos textos contidos nesse plano de estudos. Boa escrita!

Sugestão: Assistir ao documentário “Criança, a alma do negócio” (acesse: https://www.youtube.com/watch?v=WPxiqbmGz-c)

A nossa sociedade vive permeada pela necessidade de consumir. A produção é destinada para a satisfação das necessidades, não somente básicas ou necessárias, mas as supérfluas. As pessoas consumem produtos que muitas vezes não são essenciais, são produtos impostos pela grande propaganda veiculadas pelos meios de comunicação, por isso torna-se interessante analisarmos o que vem a ser consumo consciente e consumismo.

De acordo com ARANHA e MARTINS (Filosofando, 2016, p. 64), “consumir é um ato humano por excelência, que nos permite atender as necessidades vitais, próprias da sobrevivência, como alimentar-se, vestir-se e ter onde morar. Mas não só. O consumo abrange também tudo o que estimula o crescimento humano em suas múltiplas e imprevisíveis direções e como tal oferece condições para nos tornarmos melhores”. Por isso, quando falamos em consumo consciente, queremos destacar um consumo que visa a nossa satisfação pessoal, mas também leva em consideração a nossa relação com as demais pessoas e o nosso planeta. O consumo consciente busca a sustentabilidade do planeta e expressa a consciência de preservação de relações saudáveis com o meio onde habitamos. Todavia, o consumismo ou consumo alienado, não é marcado pela autonomia de escolha e preservação do habitat, mas influenciado pela necessidade da compra. A sociedade de consumo e seus particionadores e anunciantes estimulam as pessoas a comprar para além de suas necessidades reais.

Portanto, o fato de consumirmos além do que precisamos gera desperdícios e prejuízos à natureza, já que é dela que sai todos os recursos que consumimos, por esse motivo, é importantíssimo para a geração presente e às futuras criar o hábito do consumo consciente, porque através dele, podemos amenizar a exploração de recursos naturais e desenvolver melhores formas de se viver na Terra. 

 

PLANO DE ESTUDO TUTORADO 2 – SEMANA 4

UNIDADE(S) TEMÁTICA(S): Política, Participação e Direitos Humanos.

OBJETO DE CONHECIMENTO: Analisar o conceito de cidadania e a construção histórica dos direitos civis, políticos, sociais e culturais.

HABILIDADE (S): Compreender o conceito de cidadania e a construção histórica dos direitos civis, políticos, sociais e culturais como um processo em constante expansão.

CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS

Você já ouviu falar da Declaração Universal dos Direitos Humanos? Provavelmente, sim. Foi esta Declaração que estendeu a liberdade e igualdade de direitos aos campos econômico, social e cultural a todos os seres humanos do planeta! Mas, também devido ao desconhecimento do que de fato se trata esse documento é comum encontrar críticas em redes sociais e outros espaços que relacionam esse documento a uma maior permissividade frente a criminalidade como: “Direitos Humanos, para humanos direitos” ou “Os direitos humanos só servem para proteger vagabundo”. Será que é realmente é isso que o texto da Declaração Universal dos Direitos humanos trás entre seus artigos?

Para sanar essa dúvida e entender qual a real importância desse documento para a constituição de uma sociedade mais justa e democrática iremos, a seguir, analisar o histórico e alguns artigos desse documento que no Brasil norteia a constituição federal de 1988, a chamada constituição cidadã. Com isso será possível entender que os Direitos Humanos buscam combater injustiças, desigualdades ao garantir direitos básicos; como Liberdades individuais, direito à participação política, acesso à educação, saúde, emprego, lazer, direito a defesa e um julgamento justo e a um meio ambiente equilibrado entre outras ações legais que buscam garantir a dignidade de todos os seres humanos independente de raça/cor, religião, gênero, nacionalidade ou classe social.

Por fim, nessa introdução, cabe enfrentar outra crítica que frequentemente é atribuída aos Direitos Humanos após as pessoas conhecerem seus artigos, e que você provavelmente também vai se fazer: “É tudo muito bonito, mas não sai do papel”. Uma resposta para esse questionamento consiste em compreender que os Direitos Humanos, assim como quaisquer direitos inscritos por nossas leis, para deixar de ser apenas algo escrito no papel e passar a fazer diferença em nossas vidas é necessário que a sociedade como um todo conheça esses direitos, entendam sua importância e principalmente passe a defender a sua efetiva aplicação em seu bairro, em sua cidade, em seus estados e em todo o país. Portanto, vamos ao primeiro passo, conhecer o que de fato defendem os Direitos Humanos.

HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS

Os primeiros direitos a serem conquistados foram os direitos civis. Um acontecimento fundamental para a conquista destes direitos foi a Revolução Francesa em 1789. Você já ouviu falar desta Revolução? Os revoltosos lutavam a favor da igualdade. Igualdade, Liberdade e Fraternidade era o lema da Revolução. Um dos resultados da Revolução Francesa foi a criação dos Direitos do Homem e do Cidadão que estabeleceu a igualdade de todos os cidadãos franceses perante o Estado e o fim dos privilégios da nobreza e do clero. Na mesma época também aconteceu um marco importante na construção da cidadania que foi a criação da Constituição Americana que garantiu a liberdade de religião, de assembleia, o direito à vida e à propriedade.

Mas o que a Declaração dos Direitos do Homem de 1789 e a Constituição Americana de 1787 tem a ver com a Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, a ONU, de 1948? É que os dois primeiros documentos foram a base para a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Esta declaração é um marco na história dos direitos humanos e foi elaborada por representantes de todas as regiões do mundo. Ela estabelece pela primeira vez a proteção universal dos direitos humanos. A declaração começou a ser pensada quando o mundo todo ainda sentia e lembrava-se das atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial e, por isso, os líderes mundiais decidiram, por meio desta declaração que deveria ser alcançada por todos os países membros, nunca mais permitir que aquelas atrocidades acontecessem novamente.

Percebeu a importância da Declaração Universal dos direitos Humanos? Mas o que são exatamente os direitos humanos? Os direitos humanos são os direitos essenciais a todos os seres humanos sem discriminação de sexo, raça, cor, gênero, religião ou nacionalidade.

Ao assistir ao filme “Menino do Pijama Listrado” você poderá ter ideia do que é uma sociedade onde os direitos humanos são desrespeitados. A arte, assim como a ciência e a filosofia, é uma excelente forma de conhecer a realidade social. O diferencial das manifestações artísticas como o cinema é que para além dos fatos apresentados no filme, ela nos faz sentir empatia pelas personagens que ilustram suas histórias. Assim, ninguém chora ao ler que na segunda guerra Mundial o exército Nazista matou nas câmaras de gás cerca de 6 milhões de judeus e ciganos, mas é quase impossível não se emocionar com a história de amizade entre Bruno e Shmuel do Filme que recomendamos para ilustrar nossas discussões. Então bom filme e bom aprendizado!

CONHECENDO MELHOR O DOCUMENTO DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Leia, a seguir, um trecho do livro ‘É isto um homem?’ do italiano Primo Levi, um sobrevivente do holocausto, na Segunda Guerra Mundial. Ele escreveu o livro com a intenção de refletir sobre suas experiências em um dos campos de concentração nazista.

[...] Estamos transformados em fantasmas como os que vimos ontem à noite.

Pela primeira vez, então, nos damos conta de que a nossa língua não tem palavras para expressar esta ofensa, a aniquilação de um homem. Num instante, por intuição quase profética, a realidade nos foi revelada: chegamos ao fundo. Mais para baixo não é possível. Condição humana mais miserável não existe, não dá para imaginar. Não mais é nosso: tiramo-nos as roupas, os sapatos, até os cabelos; se falarmos, não nos escutarão — e, se nos escutarem, não nos compreenderão. Roubarão também o nosso nome, e se quisermos mantê-lo, deveremos encontrar dentro de nós a força para tanto, para que, além do nome, sobre alguma coisa de nós, do que éramos. [...]

Imagine-se, agora, um homem privado não apenas dos seres queridos, mas de sua casa, seus hábitos, sua roupa, tudo, enfim, rigorosamente tudo que possuía; ele será um ser vazio, reduzido a puro sofrimento e carência, esquecido de dignidade e discernimento – pois quem perde tudo, muitas vezes também perde a si mesmo; transformando em algo tão miserável, que facilmente se decidirá sobre sua vida e sua morte, sem qualquer sentimento de afinidade humana, na melhor das hipóteses considerando puros critérios de conveniência. Ficará claro, então, o duplo significado da expressão “Campo de extermínio”, bem como o que desejo expressar quando digo chegar no fundo.

Texto adaptado. LEVI, Primo. É isto um homem? In: TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. Coleção conecte – Caderno de revisão do professor 1. Ed. São Paulo: Saraiva, 2011 – p. 61.

Como podemos observar, a Declaração Universal dos Direitos Humanos nasce no intuito de que episódios como o descrito no texto não se repita novamente. Como já observamos anteriormente a simples formulação desse documento e o seu reconhecimento por parte de governos de todo mundo, entre ele o governo brasileiro, não é suficiente para que seus princípios sejam colocados em prática. Assim, é de fundamental importância que conheçamos a íntegra do texto da declaração dos direitos humanos, pois não é possível defender os seus direitos e dos demais membros de sua comunidade, exigindo que as autoridades competentes os respeitem e os coloquem em prática, se você não os conhece. Então segue lista com resumo dos trinta artigos que compõem a Declaração Universal dos Direitos Humanos:

Leia um resumo dos 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em dezembro de 1948:

Artigo 1: Todos os seres humanos nascem livres e iguais

Artigo 2: Liberdade de viver sem discriminação

Artigo 3: Direito à vida

Artigo 4: Ninguém será mantido em escravidão ou servidão

Artigo 5: Ninguém será submetido à tortura

Artigo 6: Direito ao reconhecimento perante a lei

Artigo 7: Direito à igualdade perante a lei

Artigo 8: Direito à reparação

Artigo 9: Ninguém deve ser alvo de prisão arbitrária

Artigo 10: Direito a um julgamento justo

Artigo 11: Presunção de inocência e crimes internacionais

Artigo 12: Direito à privacidade

Artigo 13: Direito à liberdade de movimento

Artigo 14: Direito a asilo

Artigo 15: Direito à nacionalidade

Artigo 16: Direito de se casar e formar família

Artigo 17: Direito à propriedade

Artigo 18: Liberdade de religião e crença

Artigo 19: Direito à liberdade de opinião e expressão

Artigo 20: Liberdade de reunião e associação

Artigo 21: Direito de tomar parte no governo de seu país

Artigo 22: Direito à proteção social

Artigo 23: Direito ao trabalho

Artigo 24: Direito a repouso e lazer

Artigo 25: Direito a um padrão de vida adequado

Artigo 26: Direito à educação

Artigo 27: Direito à vida cultural, artística e científica

Artigo 28: Direito a um mundo livre e justo

Artigo 29: Deveres com a comunidade

Artigo 30: Direitos são inalienáveis

Sugestão: Leia comentário de cada um desses artigos no site da ONU Brasil — https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/textos-explicativos/

EPISÓDIOS DE DESRESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL E NO MUNDO

“No Uganda, 1500 pessoas morrem a cada semana nos acampamentos de pessoas internamente refugiadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 500.000 morreram nestes acampamentos”.

Em 2008, as autoridades dos EUA continuaram a manter 270 prisioneiros na Baía de Guantánamo, Cuba, sem acusação ou julgamento, sujeitos a “water–boarding,” uma tortura que simula o afogamento. O antigo Presidente, George W. Bush, autorizou a CIA a continuar com a detenção mesmo violando a lei internacional.

Em Myanmar o conselho militar esmagou manifestações pacíficas conduzidas por monges, fez buscas e fechou mosteiros, confiscou e destruiu propriedades, disparou, golpeou e deteve manifestantes, acossou e deteve como reféns amigos e familiares dos manifestantes.

Brasil teve mais de mil pessoas resgatadas do trabalho escravo em 2019. Ainda no Brasil, homem que ficou 18 anos preso por estupros que não cometeu deverá ser indenizado. Artista plástico Eugênio Fiúza de Queiroz foi acusado injustamente por 5 crimes. Segundo Justiça, inocência ficou comprovada quando o verdadeiro autor dos crimes, Pedro Meyer, foi reconhecido em 2012.

Disponível em: https://sites.google.com/site/portadeacao/violacoes-dos-direitos-humanos . Acesso em: 04 de maio de 2020.

ATIVIDADES CORRIGIDAS:

Proposta de Redação: “Em sua opinião, o que deve ser feito com uma pessoa acusada de estupro?” Antes de responder a questão acima em forma de texto argumentativo e dissertativo que tenha como o tema ‘O perigo da justiça feita com as próprias mãos’, releia os artigos 5, 9 e 10 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. (Sugestão: assista a reportagem “Erros grotescos da Justiça” - Acessar a reportagem em: https://www.youtube.com/watch?v=OzMXhx93b_w&t=7s)

Lembre-se que no caso do ENEM a redação é composta por uma frase-tema, geralmente de um problema atual da sociedade brasileira e cobra dos participantes uma proposta de intervenção. O texto deve ser escrito em até 30 linhas e na forma de dissertação argumentativa. Busque escrever um texto objetivo e que relacione os argumentos e dados obtidos com a leitura dos textos contidos nesse plano de estudos e no documentário sugerido para fundamentar a sua estratégia argumentativa.

Boa Escrita!

A violência nas suas diversas faces está presente nos vários lugares do Brasil e do mundo, seja em maior ou menor grau, e seus praticantes muitas vezes não são punidos como deveria ou muitas vezes sofrem o que chamamos de justiça feita com as próprias mãos, como muitos casos notificados aqui no Brasil, seja por tentativa de roubo, homicídios, estupro.

A falta de impunidade pelos crimes ou a demora em resolvê-los representa o principal motivo para que as pessoas façam justiça com as próprias mãos. Todavia, a justiça pelas próprias mãos pode cometer equívocos e representa um perigo. As pessoas que fazem justiça pelas próprias mãos podem muitas vezes, sob o impulso da emoção, enganar-se e prejudicar não somente a pessoa que cometeu o suposto crime, mas demais pessoas que aí se envolvem. No Brasil, por exemplo, o crime de estupro é um dos mais graves, e este crime acontece principalmente com crianças, meninas, de até 13 anos de idade. É um crime que nos preocupa e nos causa revolta, porque muitas vezes, o causador dessa violência é uma pessoa próxima da criança, da vítima. A lei brasileira define punição para o agressor com pena de no mínimo 6 anos de prisão, dependendo da situação do crime pode chegar a 30 anos.

O estupro provoca diversos danos na vítima, não somente físicos, mas psicológicos. É um crime difícil de analisar e identificar, tendo em vista que em determinados casos, a vítima é intimidada pelo agressor e em outros, a vítima não consegue reconhecer o agressor. Por isso, muitas vezes é complicado resolvê-lo, o que leva as vítimas e pessoas próximas a elas fazerem justiça com as próprias mãos, levando em conta o que a vítima fala, o que pode representar um perigo, já que está envolvido diversos fatores que necessitam de análise. 

Portanto, a justiça pelas próprias mãos não é o melhor caminho para se resolver uma situação de violência e crime (homicídio, estupro). Mesmo que a justiça, baseada nas leis institucionais, demore ou falhe, é preferível esperar por ela, já que na Lei está expresso aquilo que concordamos enquanto comunidade humana, como o direito à vida e a um julgamento justo, bem como outros direitos e deveres.

Fonte: SEE-MG. Acesse: https://estudeemcasa.educacao.mg.gov.br/ .