quinta-feira, 27 de agosto de 2020

PET 2 - SEMANA 1, 2, 3 E 4 - 3º ANO EM - FILOSOFIA

PLANO DE ESTUDO TUTORADO 2 - SEMANA 1

UNIDADE(S) TEMÁTICA(S): Tipos de conhecimento: A emergência da Filosofia.

TEMA: SÓCRATES

“Os filósofos da Antiguidade e da Idade Média interessaram-se por questões relativas ao conhecimento, embora ainda não se tratasse propriamente de uma teoria do conhecimento como disciplina independente. Com exceção dos céticos, esses filósofos não colocaram em dúvida a capacidade humana de conhecer: eles explicavam como conhecemos. A crítica do conhecimento só começaria na Idade Moderna, com Descartes. [...]

Sócrates (c.470-399 a.C.) nada deixou escrito. Suas ideias foram divulgadas por Xenofonte e Platão, dois de seus discípulos. Nos diálogos de Platão, Sócrates sempre figura como o principal interlocutor. Já o comediógrafo Aristófanes o ridiculariza ao incluí-lo entre os sofistas.

Sócrates costumava conversar com todos, fossem velhos ou moços, nobres ou escravos. A partir do pressuposto ‘só sei que nada sei’, que consiste justamente na sabedoria de reconhecer a própria ignorância, inicia a busca do saber. Os métodos de indagação de Sócrates provocaram os poderosos do seu tempo, que o levaram ao tribunal sob a acusação de não crer nos deuses da cidade e de corromper a mocidade. Por essa razão foi condenado à morte.

Qual é, porém, o ‘perigo’ de seu método? Ele começa pela fase ‘destrutiva’, a ironia, termo que em grego significa ‘perguntar, fingindo ignorar’. Diante do oponente, que se diz conhecedor de determinado assunto, Sócrates afirma inicialmente nada saber. Com hábeis perguntas, desmonta as certezas até que o outro reconheça a própria ignorância (ou desista da discussão).

A segunda etapa do método, a maiêutica (em grego, ‘parto’), foi assim denominada em homenagem à sua mãe, que era parteira. Segundo Sócrates, enquanto ela fazia parto de corpos, ele ‘dava à luz’ ideias novas. Após destruir o saber meramente opinativo (a dóxa), em diálogo com seu interlocutor, dava início à procura da definição do conceito, de modo que o conhecimento saísse ‘de dentro’ de cada um. Esse processo está bem ilustrado nos diálogos de Platão, e é bom lembrar que, no final, nem sempre se chegava a uma conclusão definitiva: são os chamados diálogos aporéticos.

Nas conversas, Sócrates privilegia as questões morais, por isso em muitos diálogos pergunta o que é a coragem, a covardia, a piedade, a amizade e assim por diante. Tomemos o exemplo da justiça: após serem enumeradas as diversas expressões de justiça, Sócrates quer saber o que é a ‘justiça em si’, o universal que a representa. Desse modo, a filosofia nascente precisa inventar palavras novas ou usar as do cotidiano, dando-lhes sentido diferente. Sócrates utiliza o termo logos (na linguagem comum, ‘palavra’, ‘conversa’), que passa a significar a razão de algo, ou seja, aquilo que faz com que a justiça seja justiça.

No diálogo Laques, ou Do valor, os generais Laques e Nícias são convidados a discorrer sobre a importância do ensino de esgrima na formação dos jovens. Sócrates reorienta a discussão ao indagar a respeito de conceitos que antecedem essa discussão, ou seja, o que se entende por educação e, em seguida, sobre o que é virtude. Dentre as virtudes, Sócrates escolhe uma delas e indaga: ‘O que é a coragem?’. Laques acha fácil responder: ‘Aquele que enfrenta o inimigo e não foge no campo de batalha é o homem corajoso’. Sócrates dá exemplos de guerreiros cuja tática consiste em recuar e forçar o inimigo a uma posição desvantajosa, mas nem por isso deixam de ser corajosos. Cita outros tipos de coragem que ultrapassam os atos de guerra, como a coragem dos marinheiros, dos que enfrentam a doença ou os perigos da política e dos que resistem aos impulsos das paixões. Enfim, o que Sócrates procura não são exemplos de casos corajosos, mas o conceito de coragem.”

(ARANHA, M.L.A. & MARTINS, M.H.P., 2009, p. 152-153)

 

ATITUDE FILOSÓFICA

Introdução

É possível definir, de maneira geral, que a atitude filosófica trata-se de um comportamento que adota posturas críticas pautadas na racionalidade em relação aos acontecimentos. A atitude filosófica é determinada pela postura crítica que o homem adota frente às determinações e imposições sociais.

Faz parte da atitude filosófica colocar em dúvida as imposições e regras sociais. A partir disso, a sociedade fundamenta o comportamento crítico e passa a atuar como questionadora e problematizadora das imposições, das regras e das padronizações sociais.

A atitude filosófica é determinada pelo posicionamento crítico, pois o ser humano, enquanto ser racional, passa a entender o mundo e sua realidade de forma distinta. A crítica ao modelo em que vive, as perplexidades e incômodos cotidianos, permitem que os cidadãos entendam que precisam adotar uma postura crítica, reativa e afirmativa diante dos problemas e questões que abalam a vida cotidiana.

O homem racional passa a agir ativamente e deixa de ser levado e dominado pelo outro. Toda atitude do próprio ser social e dos outros atores que convivem no seu meio passam a ser racionalmente questionadas.

Apesar de possuir uma definição geral, a atitude filosófica apresenta quatro aspectos que podem complementar sua definição: o espanto, a dúvida, o rigor e a insatisfação.

O espanto

O espanto é considerado o ponto de partida para uma atitude filosófica. A partir do espanto, o ser social deixa de ser indiferente à sua realidade, as ações e os acontecimentos geram o espanto e impulsionam uma atitude crítica, racional, contestadora e problematizadora.

Aristóteles foi um dos primeiros a defender a origem da filosofia a partir do espanto do ser social, da estranheza e da perplexidade em relação aos acontecimentos da natureza, do universo e da vida. Para Aristóteles, o espanto é o ponto de partida para a formulação de perguntas críticas e racionais e, consequentemente, para a busca por respostas e soluções que possam minimizar ou solucionar definitivamente as questões que geram dúvida, incômodo e desconforto.

A dúvida

A dúvida também é elemento essencial para a construção da filosofia. É preciso que o filósofo duvide de todos os conceitos, todas as verdades e todas as imposições sociais. O filósofo não deve naturalizar os conhecimentos, deve problematizar tudo que é posto e apresentado.

Se não houver dúvida, não será possível repensar e discordar do que já está estabelecido. Sem a dúvida, não se reformula o conhecimento filosófico baseado na racionalidade, já que todas as respostas e teorias deixam de ser questionadas.

O rigor

A atitude filosófica depende basicamente do rigor para garantir bases sólidas para seus questionamentos e atitudes. É preciso rigor para evitar ambiguidade, informações e críticas contraditórias aos fatos que são postos em xeque.

O rigor é o elemento essencial para que o filósofo ou o questionador não use de falsas informações ou lógica rasa e falaciosa para basear suas críticas e atitudes. O rigor, aliado à racionalidade, garante as bases para sustentação das críticas ao modelo socialmente imposto, que é o alvo principal daqueles que adotam a atitude filosófica.

A insatisfação

Não é tarefa da filosofia garantir respostas prontas e satisfatórias às questões e dúvidas pessoais. O que mais se encontra na filosofia são questionamentos e dúvidas. Não há certezas, as teorias não estão prontas e acabadas. É preciso sempre que o filósofo duvide do senso comum, duvide das informações que recebe, duvide de suas próprias conclusões e certezas.

O filósofo deve evitar a satisfação diante das respostas que encontra, pois a insatisfação garantirá a busca por outras respostas, por outros pontos de vista, outras teorias e outras visões de mundo diante da sociedade e das práticas que estão sendo questionadas.

A atitude filosófica é, portanto, um posicionamento, um modelo de ação que discorda, questiona e busca respostas e possíveis ações para o padrão social da sociedade na qual o filósofo vive.

Fonte: Atitude Filosófica por Natália Cruz. Disponível em: https://querobolsa.com.br/enem/filosofia/atitude-filosofica

ATIVIDADES CORRIGIDAS:

1 — (UFMG) Leia este trecho: “ [...] a filosofia não é a revelação feita ao ignorante por quem sabe tudo, mas o diálogo entre iguais que se fazem cúmplices em sua mútua submissão à força da razão e não à razão da força.(SAVATER, F. As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 2.)

Com base na leitura desse trecho e em outros conhecimentos sobre o assunto, redija um texto destacando duas características da atitude filosófica.

Vamos destacar duas características interessante da atitude filosófica: o espanto e a dúvida. O espanto é considerado o ponto de partida para uma atitude filosófica. A partir do espanto, o ser social deixa de ser indiferente à sua realidade, as ações e os acontecimentos geram o espanto e impulsionam uma atitude crítica, racional, contestadora e problematizadora. A dúvida também é elemento essencial para a construção da filosofia. É preciso que o filósofo duvide de todos os conceitos, todas as verdades e todas as imposições sociais. O filósofo não deve naturalizar os conhecimentos, deve problematizar tudo que é posto e apresentado. Se não houver dúvida, não será possível repensar e discordar do que já está estabelecido. Sem a dúvida, não se reformula o conhecimento filosófico baseado na racionalidade, já que todas as respostas e teorias deixam de ser questionadas.

2 — Leia a “Alegoria da Caverna” de Platão (aqui tem: https://tinyurl.com/yz3ynq5), pesquise e reflita sobre o que é o conhecimento, qual a nossa relação com a verdade e o que nos leva a querer saber e fazer aquilo que consideramos certo (enfim, o que é alguma coisa “certa” pra nós? — Tenso, né?). Tente organizar um texto explicando as suas considerações sobre essa questão.

O conhecimento é o conjunto de informações que o indivíduo adquire por meio da sua experiência, aprendizagem, crenças, valores e insights sobre algo no decorrer da sua trajetória. A pessoa que detêm o conhecimento é capaz de saber alguma informação ou instrução e a mesma pode mudar comportamentos e auxiliar na tomada de decisões.

O conhecimento é capaz de transformar vidas e, se utilizado devidamente, contribui significativamente para a construção de um mundo melhor. Trata-se de um processamento complexo e subjetivo da informação absorvida por um indivíduo.

É a interação com processos mentais lógicos e não lógicos, com experiências anteriores, compromissos e vários outros elementos que fazem parte da mente de uma pessoa.

São exemplos de conhecimento: o conhecimento sobre um fato, acerca de um produto/serviço, proveniente de estudos ou experiências, o conhecimento das leis, o autoconhecimento, etc.

O conhecimento é o principal fator de influência nas decisões, atitudes, comportamentos e perspectiva. Ele expande o potencial infinito do ser humano.

Fonte: https://www.ibccoaching.com.br/portal/comportamento/voce-sabe-o-que-e-conhecimento/

 

Sobre a Alegoria da caverna de Platão

O Mito da Caverna é uma metáfora e simboliza a busca pelo conhecimento, a escolha entre descobrir e questionar, ou viver no senso comum. A partir do Mito da caverna, o filósofo tenta explicar o senso comum do mundo sensível, em que muitas pessoas acreditam baseadas em seus sentidos. Bem como, o mundo inteligível, baseado na razão, que tem o senso crítico como premissa. Assim ele faz uma relação entre conceitos: a escuridão representa a ignorância, enquanto a luz é o conhecimento.

A metáfora foi escrita em formato de diálogo, desse modo facilitando a compreensão. Ela também faz parte do livro “A República”. Essa obra discute a teoria do conhecimento, linguagem e educação para a construção de um Estado ideal. O tema é bastante recorrente e percorre várias gerações que são alienadas com ideias comuns.

Portanto, a Alegoria da Caverna se tornou um dos textos mais conhecidos e debatidos. Porque uma vez que o homem que viveu na escuridão conhece a luz, ele pode escolher voltar ao que era antes ou mudar seus conceitos. No entanto, mesmo que ele conte sobre a luz para quem está no escuro, muito dificilmente aqueles acreditarão por não conhecerem o diferente.

3 — Assista ao vídeo REVISÃO ENEM — Série pensadores: SÓCRATES (Filosofia é a Mãe). Disponível em https://tinyurl.com/yce6lap5 e responda às questões:

a) Qual a relação da filosofia com a educação e a formação humana?

A relação da filosofia com a educação e formação humana se dá através do desenvolvimento de um pensamento livre e independente, baseado no uso de uma razão crítica, buscando um conhecimento rigoroso e verdadeiro da realidade e do próprio indivíduo.

b) Quais as principais características das atitudes filosóficas de Sócrates?

As principais características das atitudes filosóficas de Sócrates estão nos seus questionamentos como base para a busca do conhecimento verdadeiro. Através do seu método, baseado na ironia e maiêutica, Sócrates em diálogo com seu interlocutor, dava início à procura da definição do conceito, de modo que o conhecimento saísse "de dentro'' de cada um. Nesse sentido, Sócrates privilegia o que o individuo sabe, mas ao mesmo tempo, ele o conduz a um conhecimento mais preciso das coisas e do mundo, questionando aquilo que é dado pronto e acabado, as nossas verdades enraizadas.

c) Por que atitudes como as de Sócrates são fundamentais para a construção de uma vida individual e coletiva saudáveis? “Justifique sua resposta a partir das ideias apresentadas no vídeo.

As atitudes como as de Sócrates são fundamentais para a construção de uma vida individual e coletiva saudáveis, porque nos permite através do Conhece-te a ti mesmo, um autoconhecimento, além de nos ajudar a mergulhar em nossos pensamentos e questioná-los e ainda nos dão autonomia para analisarmos o mundo que nos envolve e buscar viver e agir melhor.


PLANO DE ESTUDO TUTORADO 2 - SEMANA 2

TEMA: MAQUIAVEL

“Maquiavel subverteu a abordagem tradicional da teoria política feita pelos gregos e medievais, e por isso é considerado o fundador da ciência política, ao enveredar por novos caminhos ‘ainda não trilhados’, como ele mesmo diz.

Pode-se dizer que a política de Maquiavel é realista, ao se basear em ‘como o homem age de fato’. A observação das ações dos governantes seus contemporâneos e dos tempos antigos, sobretudo de Roma, leva-o à constatação de que eles sempre agiram pelas vias da corrupção e da violência. Partindo do pressuposto de que a natureza humana é capaz do mal e do erro, analisa a ação política sem se preocupar em ocultar ‘o que se faz e não se costuma dizer’.

A esse realismo alia-se a tendência utilitarista, pela qual Maquiavel desenvolve uma teoria voltada para a ação eficaz e imediata. Para ele, a ciência política só tem sentido se propiciar o melhor exercício da arte política. Trata-se do começo da ciência política: da teoria e da técnica da política, entendida como disciplina autônoma, porque desvinculada da ética pessoal e da religião, além de ser examinada na sua especificidade própria.

Para Maquiavel, a moral política distingue-se da moral privada, uma vez que a ação política deve ser julgada a partir das circunstâncias vividas e tendo em vista os resultados alcançados na busca do bem comum. Com isso, Maquiavel distancia-se da política normativa dos gregos e medievais, porque não busca as normas que definem o bom regime, nem explicita quais devem ser as virtudes do bom governante. Em alguns casos, como o de Platão, a preocupação em definir como deve ser o bom governo levou à construção de utopias, o que merece a crítica de Maquiavel.

A nova ética analisa as ações não mais em função de uma hierarquia de valores dada a priori, mas sim em vista das consequências, dos resultados da ação política. Não se trata de amoralismo, mas de uma nova moral centrada nos critérios da avaliação do que é útil à comunidade: se o que define a moral é o bem da comunidade, constitui dever do príncipe manter-se no poder a qualquer custo, por isso às vezes pode ser legítimo o recurso ao mal — o emprego da força coercitiva do Estado, a guerra, a prática da espionagem e o método da violência. [...]

Essas ponderações poderiam levar as pessoas a considerar que Maquiavel defende o político imoral, os corruptos e os tiranos. Não se trata disso. A leitura maquiaveliana sugere a superação dos escrúpulos imobilistas da moral individual, mas não rejeita a moral própria da ação política.

Para Maquiavel, a moral não deve orientar a ação política, segundo normas gerais e abstratas, mas a partir do exame de uma situação específica e em função do resultado dela, já que toda ação política visa à sobrevivência do grupo e não apenas de indivíduos isolados. Na nova perspectiva, para fazer política é preciso compreender o sistema de forças existentes de fato e calcular a alteração do equilíbrio provocada pela interferência de sua própria ação nesse sistema: como vimos, o desafio está em compreender bem a relação fortuna-virtù.

[...] Especificamente, fortuna significa ocasião, acaso, sorte. Para agir bem, o príncipe não deve deixar escapar a ocasião oportuna. De nada adiantaria ser virtuoso, se o príncipe não soubesse ser precavido ou ousado e aguardar a ocasião propícia, aproveitando o acaso ou a sorte das circunstâncias, como observador atento do curso da história. No entanto, a fortuna de pouco serve sem a virtù, pois pode transformar-se em mero oportunismo. Por isso Maquiavel distingue entre o príncipe de virtù, que é forçado pela necessidade a usar da violência visando ao bem coletivo, e o tirano, que age por capricho ou interesse próprio.”

(ARANHA, M.L.A. & MARTINS, M.H.P., 2009, p. 300-301)

ATIVIDADES CORRIGIDAS:

1 — Por que o termo “maquiavélico” não se aplica a Maquiavel? (Aí você me diz: “A resposta não tá no texto, ‘fessor’ ...” – Amiguinhos: deem uma olhadinha nas referências bibliográficas e no áudio indicado que vai ficar tudo em paz...”)

O termo “maquiavélico” não se aplica a Maquiavel porque maquiavelismo é a denominação que se dá à doutrina política emanada do livro O Príncipe, escrito por Nicolau Maquiavel em 1513. Nesta obra, Maquiavel propõe o modelo ideal de príncipe governante. Tomou, contudo, outro significado, principalmente por causa da máxima que lhe foi atribuída “fins justificam os meios”, em que a eficácia da ação é privilegiada em detrimento da conduta moral. Na linguagem comum, as pessoas cínicas, ardilosas, traiçoeiras, que agem de má-fé para atingir fins inconfessáveis, são chamadas de maquiavélicas. O mito de que Maquiavel era maquiavélico surgiu a partir da má interpretação das suas ideias. Ainda hoje há os falsos discípulos de Maquiavel. Eles estão na política, nas funções administrativas e no trato com as mulheres, entre outras. Se um candidato usa a fraude para tirar votos do seu adversário, ele é chamado de maquiavélico, mas não sabe que Maquiavel só aceitava a fraude em função de uma guerra e não na vida cotidiana. Mesmo no caso de “os fins justificarem os meios”, Maquiavel só os aceitava quando esse fim visasse o bem da comunidade e não sobre quaisquer fins.

2 — (ENEM 2013) “Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responda-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, de uma maneira geral, que são ingratos, volúveis, dissimulados, covardes e ávidos de lucro, e quanto lhes fazem bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revolta-se.” (MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.).

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser:

Maquiavel define o homem como um ser guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.


PLANO DE ESTUDO TUTORADO 2 - SEMANA 3

UNIDADE(S) TEMÁTICA(S): TIPOS DE CONHECIMENTO: A DIVERSIDADE DOS SABERES.

OBJETO DE CONHECIMENTO: Realismo; Relativismo; Objetividade e Subjetividade; Hipótese; Teoria.

HABILIDADE(S): Perceber as diferentes dimensões do problema da verdade; Distinguir e relacionar: conhecimento empírico e conhecimento inteligível; racionalidade e crença; Distinguir e relacionar qualidades objetivas e subjetivas.

TEMA: DESCARTES

“Descartes é considerado o ‘pai da filosofia moderna’, porque, ao tomar a consciência como ponto de partida, abriu caminho para a discussão sobre ciência e ética, sobretudo ao enfatizar a capacidade humana de construir o próprio conhecimento.

O propósito inicial de Descartes foi encontrar um método tão seguro que o conduzisse à verdade indubitável. Procura-o no ideal matemático, isto é, em uma ciência que seja uma mathesis universalis (matemática universal), o que não significa aplicar a matemática no conhecimento do mundo, mas usar o tipo de conhecimento que é peculiar à matemática. Como sabemos, esse conhecimento é inteiramente dominado pela inteligência — e não pelos sentidos — e baseado na ordem e na medida, o que lhe permite estabelecer cadeias de razões, para deduzir uma coisa de outra.

Para tanto, Descartes estabelece quatro regras:

• da evidência: acolher apenas o que aparece ao espírito como ideia clara e distinta;

• da análise: dividir cada dificuldade em parcelas menores para resolvê-las por partes;

• da ordem: conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer para só depois lançar-se aos mais compostos;

• da enumeração: fazer revisões gerais para ter certeza de que nada foi omitido.

Vejamos como essas regras são aplicadas, ao fundamentar sua filosofia.

Descartes parte em busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida. Começa duvidando de tudo: do testemunho dos sentidos, das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, das informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade de seu próprio corpo.

Trata-se da dúvida metódica, porque é essa dúvida que o impele a indagar se não restaria algo que fosse inteiramente indubitável. Por isso Descartes não é um filósofo cético: ele busca uma verdade.

Descartes só interrompe a cadeia de dúvidas diante do seu próprio ser que duvida:

[...] enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade eu penso, logo existo era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da filosofia que procurava. (DESCARTES, R. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 54)

Esse ‘eu’ é puro pensamento, uma res cogitans (um ser pensante). Portanto, é como se dissesse: “existo enquanto penso”. Com essa primeira intuição, Descartes julga estar diante de urna ideia clara e distinta, a partir da qual seria reconstruído todo o saber.

Embora o conceito de ideias claras e distintas resolva alguns problemas com relação à verdade de parte do nosso conhecimento, não dá garantia alguma de que o objeto pensado corresponda a uma realidade fora do pensamento. Como sair do próprio pensamento e recuperar o mundo do qual tinha duvidado? Considerando as regras do método, Descartes deveria passar gradativamente de noções já encontradas para outras igualmente indubitáveis.

Para ir além dessa primeira intuição do cogito, Descartes examina se haveria no espírito outras ideias igualmente claras e distintas. Distingue então três tipos de ideias:

• as que ‘parecem ter nascido comigo’ (inatas);

• as que vieram de fora (adventícias);

• as que foram ‘feitas e inventadas por mim mesmo’ (factícias).

Ora, o cogito é uma ideia que não deriva do particular — não é do tipo das que ‘vêm de fora’, formadas pela ação dos sentidos — nem tampouco é semelhante às que criamos pela imaginação. Ao contrário, já se encontram no espírito, como fundamento para a apreensão de outras verdades. Portanto, são ideias inatas, verdadeiras, não sujeitas a erro, pois vêm da razão.

(ARANHA, M.L.A. & MARTINS, M.H.P., 2009, p. 169-170) 

LEITURA COMPLEMENTAR:

René Descartes - Descartes e o gênio maligno

Quando o filósofo francês René Descartes escreveu as suas "Meditações", em 1641, deparou-se com um problema técnico. Tinha que mostrar ao leitor, ou melhor, provar, a dificuldade que nós temos em confiar nas percepções dos sentidos para conhecer as coisas.

A percepção (o conhecimento que nos vem dos órgãos dos sentidos) é falha. Quando penso que alguma coisa é real, eu posso estar apenas sonhando, tendo uma visão, posso estar com febre ou mesmo estar mergulhado na loucura.

Mas mesmo assim, pensou Descartes, mesmo tendo alucinações ou sonhando, pode ser que eu considere que alguma coisa que percebo pela visão ou pelo tato ou pela audição ainda assim derive de algo real.

Foi aí que Descartes introduziu na sua obra uma ideia tentadora e interessante. E se existisse um gênio maligno, uma entidade do mal, disposta a me enganar todo o tempo?

A conclusão do filósofo foi imediata. Mesmo que esse gênio usasse toda sua indústria para nos passar a perna e nos fazer pensar que o que existe não existe e vice-versa, mesmo assim alguma coisa de real nos restaria. E essa coisa - a descoberta fundamental de Descartes - é o cogito: nossa capacidade de pensar.

Ainda que eu estivesse redondamente enganado, ainda assim eu seria essa coisa que pensa, essa coisa muito real que imagina, que sonha, que vê e que se engana redondamente. Mesmo que tudo seja falso, a existência de algo que pensa, que duvida, que se engana, é verdadeira.

Sujeito e objeto

Descartes concluiu assim que aquilo que pensa (o sujeito) é alguma coisa diferente daquilo que é pensado (o objeto). O raciocínio de Descartes, ao mostrar a autonomia do pensamento, permitiu o desenvolvimento de toda a filosofia que lhe sucedeu. A filosofia cartesiana é chamada de racionalismo e essa separação entre sujeito e objeto do pensamento deu origem ao que chamamos de filosofia moderna.

Vamos ver agora como o próprio filósofo apresentou seu gênio maligno?

“Suporei, pois, que há não um verdadeiro Deus, que é a soberana fonte da verdade, mas certo gênio maligno, não menos ardiloso e enganador do que poderoso, que empregou toda a sua indústria em enganar-me. Pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons e todas as coisas exteriores que vemos são apenas ilusões e enganos de que ele se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo absolutamente desprovido de mãos, de olhos, de carne, de sangue, desprovido de quaisquer sentidos, mas dotado da falsa crença de ter todas essas coisas. Permanecerei obstinadamente apegado a esse pensamento; e se, por esse meio, não está em meu poder chegar ao conhecimento de qualquer verdade, ao menos está ao meu alcance suspender meu juízo. Eis por que cuidarei zelosamente de não receber em minha crença nenhuma falsidade, e prepararei tão bem meu espírito a todos os ardis desse grande enganador que, por poderoso e ardiloso que seja, nunca poderá impor-me algo.” (Descartes. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 88-89.)

Fonte: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/rene-descartes-2-descartes-e-o-genio-maligno.htm

 ATIVIDADES CORRIGIDAS:

1 — Por que não se pode dizer que Descartes é cético, apesar de sua dúvida ser a respeito de toda a realidade?

Descartes não é cético, porque em sua filosofia ele busca a verdade, um conhecimento verdadeiro partindo da dúvida metódica. Descartes utiliza-se do mesmo método dos céticos que não acredita que o mundo possa ser conhecido. Assim, ele duvida de tudo o que é possível duvidar (do corpo, das pessoas, de Deus, de si mesmo, do mundo, etc.) até que chega um momento em que a dúvida cessa. Descartes só interrompe a cadeia de dúvidas diante do seu próprio ser que duvida ao alcançar sua primeira intuição: cogito ergo sum. Cogito ergo sum (Penso, logo existo!) é a primeira e mais fundamental evidência da verdade da qual se deve partir na busca do conhecimento. Isso quer dizer que todo conhecimento possível é humano, até mesmo as interpretações sobre Deus e o que se diz dele.

2 — (UFMG) Leia este trecho: “Suporei, pois, que há não um verdadeiro Deus, que é a soberana fonte da verdade, mas certo gênio maligno, não menos ardiloso e enganador do que poderoso, que empregou toda a sua indústria em enganar-me. Pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons e todas as coisas exteriores que vemos são apenas ilusões e enganos de que ele se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo absolutamente desprovido de mãos, de olhos, de carne, de sangue, desprovido de quaisquer sentidos, mas dotado da falsa crença de ter todas essas coisas. Permanecerei obstinadamente apegado a esse pensamento; e se, por esse meio, não está em meu poder chegar ao conhecimento de qualquer verdade, ao menos está ao meu alcance suspender meu juízo. Eis por que cuidarei zelosamente de não receber em minha crença nenhuma falsidade, e prepararei tão bem meu espírito a todos os ardis desse grande enganador que, por poderoso e ardiloso que seja, nunca poderá impor-me algo.” (Descartes. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 88-89.)

Nesse trecho, o autor refere-se aos grandes poderes de um suposto gênio maligno. Com base na leitura desse trecho e considerando outras ideias contidas nessa obra de Descartes, redija um texto explicando como o filósofo se mostra capaz de vencer o gênio maligno. (ARANHA, M.L.A. & MARTINS, M.H.P., 2009, p. 178)

Descartes se mostra capaz de vencer o gênio maligno e enganador através da capacidade de pensar. A conclusão do filósofo foi imediata. Mesmo que esse gênio usasse toda sua indústria para nos passar a perna e nos fazer pensar que o que existe não existe e vice-versa, mesmo assim alguma coisa de real nos restaria. E essa coisa - a descoberta fundamental de Descartes - é o cogito: nossa capacidade de pensar. Ainda que eu estivesse redondamente enganado, ainda assim eu seria essa coisa que pensa, essa coisa muito real que imagina, que sonha, que vê e que se engana redondamente. Mesmo que tudo seja falso, a existência de algo que pensa, que duvida, que se engana, é verdadeira.


PLANO DE ESTUDO TUTORADO 2 - SEMANA 4

UNIDADE(S) TEMÁTICA(S): TIPOS DE CONHECIMENTO: A DIVERSIDADE DOS SABERES.

OBJETO DE CONHECIMENTO: Realismo; Relativismo; Objetividade e Subjetividade; Hipótese; Teoria.

HABILIDADE(S): Perceber as diferentes dimensões do problema da verdade; Distinguir e relacionar: conhecimento empírico e conhecimento inteligível; racionalidade e crença; Distinguir e relacionar qualidades objetivas e subjetivas.

TEMA: JOHN LOCKE

“O filósofo inglês John Locke (1632-1704) elaborou sua teoria do conhecimento na obra Ensaio sobre o entendimento humano, que tem por objetivo saber ‘qual é a essência, qual a origem, qual o alcance do conhecimento humano’.

Locke critica a doutrina das ideias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tabula rasa — tábua sem inscrições —, como um pedaço de cera em que não há qualquer impressão, um papel em branco. Por isso o conhecimento começa apenas a partir da experiência sensível. Se houvesse ideias inatas, as crianças já as teriam, além de que a ideia de Deus não se encontra em toda parte, pois há povos sem essa representação ou, pelo menos, sem a representação de Deus como ser perfeito.

Ao investigar a origem das ideias, ao contrário dos filósofos racionalistas, que privilegiam as verdades de razão — típicas da lógica e da matemática —, Locke preferiu o caminho psicológico ao indagar como se processa o conhecimento. Distingue, então, duas fontes possíveis para nossas ideias: a sensação e a reflexão.

A sensação, cujo estímulo é externo, resulta da modificação feita na mente por meio dos sentidos. Locke observa que pela sensação percebemos que as coisas têm qualidades que podem produzir as ideias em nós. Essas qualidades são primárias e secundárias:

• As qualidades primárias são objetivas, por existirem realmente nas coisas: a solidez, a extensão, a configuração, o movimento, o repouso e o número.

• As qualidades secundárias, ao contrário das primárias, variam de sujeito para sujeito e, como tais, são em parte relativas e subjetivas; são elas cor, som, odor, sabor, etc.

A reflexão, que se processa internamente, é a percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre. Portanto, a reflexão fica reduzida à experiência interna do resultado da experiência externa produzida pela sensação.

Assim, a razão reúne as ideias, as coordena, compara, distingue, compõe, ou seja, as ideias entram em conexão entre si. Portanto, as ideias simples que vêm da sensação combinam-se entre si, formando as ideias complexas, por exemplo, as ideias de identidade, existência, substância, causalidade, etc.

Nesse sentido, Locke conclui que não podemos ter ideias inatas, como pensara Descartes. E como o intelecto ‘constrói’ essas ideias, não se pode dizer, como os antigos, que conhecemos a essência das coisas. Por serem formadas pelo intelecto, as ideias complexas não têm validade objetiva, são apenas nomes de que nos servimos para ordenar as coisas. Daí o seu valor prático, e não cognitivo.

Se o intelecto sozinho não é capaz de inventar ideias, mas depende da experiência, que fornece o conteúdo do pensamento, como fica para Locke a ideia de Deus, já que todo conhecimento passa necessariamente pelos sentidos? Para ele, só estamos ‘menos certos’ com relação à existência das coisas externas, mas o mesmo não ocorre quando se trata da existência de Deus. Por certeza intuitiva, sabemos que o puro nada não produz um ser real; ora, se os seres reais não existem desde a eternidade, eles devem ter tido um começo, e o que teve um começo deve ter sido produzido por algo. E conclui que deve existir um Ser eterno, que pode ser denominado Deus. Desse modo, o empirista Locke recorre a um argumento metafísico para provar a existência de Deus.”

(ARANHA, M.L.A. & MARTINS, M.H.P., 2009, p. 174-175).

ATIVIDADES CORRIGIDAS:

1 — Sob que aspectos Locke discorda de Descartes? (ARANHA, M.L.A. & MARTINS, M.H.P., 2009, p. 178.)

Locke critica a doutrina das ideias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tabula rasa — tábua sem inscrições —, como um pedaço de cera em que não há qualquer impressão, um papel em branco. Por isso o conhecimento começa apenas a partir da experiência sensível.

2 — Qual a principal diferença entre o racionalismo e o empirismo? Faça um esquema para demonstrar sua resposta. (Ibidem)

Racionalismo

Empirismo

O racionalismo é uma teoria filosófica que se baseia na afirmação de que a razão é a fonte do conhecimento humano.

O empirismo é uma teoria filosófica baseada na ideia de que a experiência é a fonte do conhecimento.

Acreditam em intuição.

Não acreditam.

Indivíduos tem conhecimentos inatos.

Indivíduos não possuem conhecimentos inatos.

O conhecimento é baseado no uso da razão e da lógica.

O conhecimento é baseado na experiência e experimentação.

Dedução, conhecimento inato e razão.

Indução e experiências sensoriais.


3 — Atribua as citações seguintes a Descartes ou a Locke e justifique sua resposta.

a) “... penso não haver mais dúvida de que não há principios práticos com os quais todos os homens concordam e, portanto, nenhum é inato.”

Esta citação se refere ao pensamento de Locke, porque nos revela a necessidade da experiência para a aquisição do conhecimento das coisas, do mundo, da realidade.

b) “Primeiro, considero haver em nós certas noções primitivas, as quais são como originais, sob cujo padrão formamos todos os nossos outros conhecimentos.”

Esta citação se refere ao pensamento de Descartes, visto que o ser humano é possuidor de conhecimentos inatos, os quais lhe permite chegar à verdade apenas pelo exercício da razão, antes mesmo da experiência sensorial. 

4 — A partir da leitura sobre o pensamento de Descartes e Locke, responda:

a) Qual das duas vertentes de pensamento — racionalismo ou empirismo — você avalia ser mais condizente com a nossa vida diária? Por que?

Embora o racionalismo esteja presente, o empirismo se destaca, visto que constantemente estamos em contato com a realidade através da experiência ou experimentação de situações e acontecimentos diários. Em nosso mundo, a experiência, desde criança, nos permite conhecer, adquirir conhecimento.

b) Você pensa ser possível conciliar racionalismo e empirismo em uma mesma teoria? Explique sua resposta.

Sim, pois é possível obter o conhecimento das coisas através da experiencia, empirismo, quanto pelo uso lógico da razão, racionalismo. A certas coisas que não conseguimos apreender somente pela experiencia, necessitamos, refletir, analisar, intuir, necessitamos, fugir do mundo puramente empírico, racionalizar.

Fonte: SEE-MG. Acesse: https://estudeemcasa.educacao.mg.gov.br/ .