O que é mito?
O mito é uma narrativa ou
forma de expressar utilizada pelos povos mais antigos para explicar os
fenômenos da natureza, as origens do mundo e do homem, enfim uma maneira que
esses povos encontraram para entender sua realidade e relacionar-se com o
sobrenatural.
Analisando os mitos,
pode-se pensar que são histórias fantasiosas e não verdadeiras. Porém, para os
povos antigos gregos, indígenas e demais povos tradicionais, os mitos tratam-se
de uma maneira de explicar os diferentes elementos presentes no universo.
Os povos antigos
encontram nos mitos uma forma de enfrentar a vida e afastar a angústia e o medo
do desconhecido. Enfim, o mito tem um caráter simbólico e explicativo que
permite às comunidades tradicionais compreender o mundo que as envolve.
Mitologia Grega
A mitologia é o estudo
dos mitos, das suas origens e significados. A mitologia grega trata-se da
maneira de pensar, conhecer e falar da cultura grega antiga.
Na Grécia antiga, os
mitos eram recitados de memória pelos aedos e rapsodos, cantores ambulantes e
poetas. Esses cantores e poetas eram considerados como portadores de uma
verdade fundamental sobre a origem do universo, das leis etc. Os principais
poetas gregos antigos eram conhecidos como Homero e Hesíodo. Esses poetas
relatavam a história da cultura grega através das ações dos deuses, das figuras
mitológicas e das aventuras e virtudes dos heróis.
Contudo, com o passar do
tempo e com as mudanças culturais, sociais e políticas, as narrativas
mitológicas foram sendo questionadas e substituídas por uma forma de pensar que
exigia outros critérios para a explicação do mundo e do homem. Surge a
Filosofia como busca de um conhecimento racional, sistemático e com validade
universal.
A Filosofia nasceu no
Ocidente
O pensamento filosófico
surgiu na Grécia, no século VI a.C., mais propriamente nas colônias gregas, com
os primeiros pensadores: Tales de Mileto, Pitágoras de Samos e Heráclito de
Éfeso.
Diferentes de outros
sábios, os primeiros filósofos gregos, mesmo quando sofriam influências
religiosas, problematizavam a realidade: buscavam explicitar o princípio
constituinte das coisas. Questionavam, por exemplo: qual é o ser de todas as
coisas? Quando as coisas mudam, existe algo que permanece idêntico? O que é o
movimento? Que tipos de mudança existem? As respostas dadas a essas questões
sustentam-se pela razão (logos). O logos integra toda teoria que precisa ser
fundamentada com argumentos. Por isso, dizemos que a Grécia foi o berço da
filosofia.
Uma nova ordem humana
Alguns autores chamaram
de "milagre grego'' a passagem da mentalidade mítica para o pensamento
crítico racional e filosófico, destacando o caráter repentino e único desse
processo. Outros estudiosos, no entanto, criticam essa visão simplista e
afirmam que a filosofia na Grécia não é fruto de um salto, do
"milagre" realizado por um povo privilegiado, mas é a culminação do
processo gestado ao longo dos tempos.
No período arcaico (do
século VIII ao VI a.C.), a Grécia passou por transformações muito específicos
nas relações sociais e políticas, proporcionando a lenta passagem do mito para
a reflexão filosófica. A nova visão do mundo e do indivíduo que então se
esboçava resultou de inúmeros fatores, analisados pelo estudioso francês
Jean-Pierre Vernant, como apresentamos na sequência.
a) A redescoberta da escrita:
Em seu ressurgimento, a escrita assumiu função diferente. Suficientemente
desligada da influência religiosa, passou a ser utilizada para formas mais
democráticas de exercício do poder. A vantagem da escrita é que ela fixa a
palavra para além de quem a proferiu, exige maior rigor e clareza, o que
estimula o espírito crítico.
b) O surgimento da moeda:
A moeda, inventada na Lídia - região da atual Turquia-, apareceu na Grécia por
volta do século VII a.C., vindo facilitar os negócios e impulsionar o comércio.
Além desse efeito político de democratização de um valor, a moeda sobrepunha
aos símbolos sagrados e afetivos o caráter racional de sua concepção: a moeda
representa uma convenção humana, noção abstrata de valor que estabelece a
medida comum entre valores diferentes.
c) A lei escrita: Antes
de tratarmos da transformação da pólis é preciso destacar a importância de
legisladores como Drácon (séc. VII a.C.), Sólon e Clístenes (séc. VI a.C.), que
sinalizaram uma nova era: a justiça, até então dependente da interpretação da
vontade divina ou da arbitrariedade dos reis, tornou-se codificada numa
legislação escrita. Regra comum a todos, norma racional, sujeita à discussão e
à modificação, a lei escrita passou a encarnar uma dimensão propriamente
humana.
d) O cidadão da pólis: O
nascimento da pólis (a cidade-Estado grega), na passagem do século VIII para o
século VII a. C., foi um acontecimento decisivo. O fato de ter como centro a
ágora (praça pública), espaço onde eram debatidos assuntos de interesse comum,
favorecia o desenvolvimento do discurso político. A pólis se fez pela autonomia
da palavra, não mais a palavra mágica dos mitos, mas a palavra humana do
conflito, da discussão, da argumentação.
e) A consolidação da
democracia: Embora os regimes oligárquicos não tenham sido extirpados, em
muitas pólis consolidaram-se os ideais democráticos. Entre elas, Atenas é um
modelo clássico. O apogeu da democracia ateniense ocorreu no século V a.C.,
quando Péricles governava. Os cidadãos livres, ricos ou pobres, tinham acesso à
assembleia. Tratava-se da democracia direta, em que não eram escolhidos
representantes, mas cada cidadão participava diretamente das decisões de
interesse comum.
Fonte:
ARANHA, Maria L. de Arruda; MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: uma
introdução à filosofia. 6ª ed. São Paulo: Moderna, 2016.
ATIVIDADES:
1. Faça uma entrevista
com três pessoas (por favor: virtualmente, à distância, tá?) e pergunte:
(SEED-Pr, 2006, p. 20)
a) O que elas entendem
por mito?
O mito pode ser entendido
como uma forma tradicional de explicação do mundo e dos acontecimentos que
ocorrem na realidade. Não busca a veracidade dos fatos, mas sua explicação
imediata, baseada na maioria das vezes, nas crenças sobrenaturais.
b) Quais são os mitos que
elas conhecem?
Alguns mitos ou lendas
são bem conhecidos no Brasil, como por exemplo, o do lobisomem, mula sem cabeça
e do boto cor de rosa.
c) Relate, por escrito, o
mito que mais chamou a sua atenção.
Todos os mitos ou lendas
acima citadas chamam a atenção pela forma que eles surgiram.
Mula sem cabeça: https://brasilescola.uol.com.br/folclore/mula-sem-cabeca.htm#:~:text=Folclore,padre%20seria%20transformada%20nesse%20monstro.
2. Construa duas colunas formulando uma explicação mítica à esquerda e outra racional à direita sobre um determinado fenômeno natural elencando, comparativamente, suas características. (SEED-Pr,2006, p. 20)
Até o surgimento da
ciência muitos dos eventos que ocorriam no mundo eram explicados com base na
vontade dos deuses e nas crenças religiosas. Vamos analisar um fenômeno natural
elencando uma explicação mítica e outra racional. Exemplo do fenômeno: Ter uma
boa colheita, pode ser de milho, feijão etc.
Explicação mítica para
ter uma boa colheita:
Benção dos deuses ou
deus; realização de sacrifícios e oferendas às divindades.
Explicação racional para
ter uma boa colheita:
Preparar a terra (solo);
adubar; contar com o clima favorável (sol e chuva); trabalhar em função do
cuidado da terra e dos grãos.
3. Existe relação entre mito e realidade? (SEED-Pr, 2006, p. 22)
Sim, existe uma relação
entre mito e realidade, principalmente para os povos antigos (comunidades tradicionais - quilombolas, indígenas; Grécia e Roma antiga etc.). O mito é basicamente uma narrativa para explicar os
fenômenos incompreendidos presentes no cotidiano desses povos, baseando-se na vida do homem
como parte do mundo e da natureza. Atualmente, os mitos adquirem novas configurações.
Por outro lado, podemos
notar que a realidade estar para além das explicações mitológicas, pois ela
pode ser apreendida por outras formas de explicação e não somente pelo mitos,
os quais se concentram no uso de simbologias e até mesmo de seres sobrenaturais
ou de situações fantasiosas para entender a realidade.
4. Qual a finalidade dos mitos para a humanidade? E, a partir disso, pense e registre o que pode significar a popularidade dos super-heróis hoje em nossa sociedade. (SEED-Pr, 2006, p. 22)
A finalidade dos mitos
para a humanidade é contar ou desenvolver uma realidade que está para além da
vida cotidiana, baseando-se em ideias que muitas vezes não condizem com o real.
E isso tem muito a ver com a popularidade dos super-heróis, pois eles representam
a aspiração ou o desejo do ser humano de fugir da sua própria realidade ou converter-se
em algo mais. Os super-heróis apresentam características (virtudes) que o ser
humano sempre espera ou aspira como bondade, justiça, honestidade etc.
5. Após compreender a definição de mitologia, filosofia e ciência, explique as diferenças entre esses três domínios.
A mitologia se ocupa do
estudo dos mitos, das suas origens e significados. A mitologia não se preocupa
com as contradições de seus discursos e narrativas. Na mitologia não
encontramos uma metodologia e rigor em suas explicações. A filosofia, por outro
lado, trata de problematizar o porquê das coisas de maneira universal, isto é,
na sua totalidade. Baseia-se numa reflexão radical, total e rigorosa da
realidade. A filosofia não admite contradição, exige lógica e coerência
racional em suas explicações sobre o mundo. A ciência é uma forma de
conhecimento que procura descobrir como a natureza "funciona",
considerando, principalmente, as relações de causa e efeito. Nesse sentido,
pretende buscar o conhecimento objetivo da realidade, isto é, que se baseia nas
características do objeto, com interferência mínima do sujeito. Desse modo, a
ciência se propõe objetiva, rigorosa, metódica, investigativa na busca pela
verdade e de um conhecimento válido e verdadeiro do mundo e do homem.
Fonte: SEE-MG. Acesse: https://estudeemcasa.educacao.mg.gov.br/